musica

domingo, 31 de julho de 2011

Cortejo de dor







A morte é negra, ou branca
Os pensamentos passeiam, muralhas
Infames pensamentos,
Cortejo de dor,
A morte é rosa, ou azul,
A dor permanece no tempo,
O tempo tão relativo, tão banal
Que horas são?
O que vocês farão hoje?
E tuas falas ecoam, como uivos
De lobos perdidos.
Árvores secas, pássaros mortos,
Uma cúpula, gestos, mãos...
Caminhos escuros, dor!

                                              julho.11

sábado, 30 de julho de 2011

Nossa viagem prometida









Visitei-lhe hoje, silêncio,
Clamei por Cristo e a ressurreição
Voltarei sempre, sempre,
Nunca ficará só.
Mas aquele silencio, amargo,
Não vejo vida em tua morada,
Apenas dor, dor, dor...
Não vejo sorriso nesta nova casa,
Apenas o reflexo da morte que me olha.
Eu talvez precise lhe acompanhar, amigo,
Para onde haja um pouco de luz e amor,
Para onde eu possa lhe abraçar.
Visitei-lhe hoje,
Silêncio, alguns pássaros tristes,
O som melancólico de uma coruja,
Mas não fique triste, cara,
Você e eu iremos
Partilhar aqueles caminhos,
Aqueles lugares que eu havia lhe prometido.
Visitei-lhe hoje, e amanhã também,
Mas o tempo é escasso,
E o meu coração já não se contenta
Com visitas, pois quer partilhar
Desta viagem com você.
                                                julho.11

sexta-feira, 29 de julho de 2011

A nossa nave


Banquete de lágrimas,
Alguns se servem, o dia é lento
A curva de um eclipse, dor.
Minhas vistas não conseguem te ver
Dois pássaros roubam a tristeza,
Diabos soltos galgam as ruas
E os sinos dão o toque final.
Não Serei tua ferida eterna,
Amordaço meus sentimentos, parto
Ao teu encontro, muito em breve. 
Mas prometa que me espera
E não suba na nossa nave
Antes que eu chegue.
                                            julho.11

Voltar a não ser













Alguém me sonha,
Ah! Sou um ilustre idiota
Que perdeu o tempo
Em busca das mentiras..
Um ilustre idiota
Que ousou amar alguém,
Além do reino das possibilidades.
Se alguém me sonha,
Deve acordar em breve
E pela lógica, esquecerá o que sonhou...
E eu, finalmente estarei livre
LIVRE!
Destas imagens, desta pseudovida.
Não mais haverá dor,
Não mais haverá meu filho morto,
Nem sol, fotos, pai e mãe,
Nem aquele amor proibido...
Então no dia em que aquele
Que me sonha, acordar,
Poderei finalmente
Voltar a não ser...
                                             julho.11

Uma cruz


Uma cruz
Ou uma libélula,
Ou o fim de tudo!
Um beijo, um espasmo,
Repetições, sempre as mesmas,
O Universo se repete
E eu perdi a batalha,
Perdi, na busca de Deus,
Covarde e irreal...
Perdi você,
Antes de meu próprio fim...
                                              julho.11

Teus olhos


Olho teus olhos
Mas como?
Eles estão fechados agora!
Por que temos que fechar os olhos,
Por uma eternidade sem fim?
Por que tenho que vê-lo vivo,
Nesta foto semi morta?
Se abaixo de todas as teorias,
De todos os infames pesares,
Restaram apenas eu e você
Entregues ao acaso.
                                      julho.11

De que valem palavras










De que adiantam palavras?
Se o punhal crava forte
Em meu peito sangrento..
De que valem consolos,
Palavras, abraços, rituais?
Se o punhal crava fundo e
Corta as artérias da vida.
De que vale você me oferecer
Teu amor, teu corpo, agora?
Dentro de mim só existem
Vermes, fantasmas, leito...
Eu não sou mais eu agora,
Imaginem os senhores, daqui a bilhões de anos......
                                                                                 julho.11

Apenas para você










Você me sorriu
Como sempre,
Não ouviu minhas lamentações.
Sabe por quê?
Porque estava feliz
E não entendia o que eu
Em meus infames momentos
Dizia-lhe.
Ah! Volta, cara
Que eu prometo sorrir
Apenas para você.
                                      julho.11

Não pude lhe dizer



Não pude lhe dizer
Nunca podemos,
Por que então, choro tanto?
Estou morrendo agora,
E nem soube lhe fazer feliz.
São tantas estrelas no céu
Tantos sóis que brilham,
E eu fui um covarde
E louco também,
Pois não consegui ao menos
Fazer-lhe imortal.
                               julho.11

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Eterno abraço


Olhe o céu meu filho
Veja que lindo pássaro,
Ele sorri para você, e promete
Que não haverá mais noites...
Que tal descansar nesta rede,
Há tanto espaço ainda nesta terra
Arco-íris aparecem, que tal?
Ou que tal irmos ver o mar?
São estranhas estas ondas, eu espero
Enquanto você brinca mais um pouco.
Vou ficar olhando o céu, ainda é cedo,
Deus olha por nós, não tenha medo
E Quando o dia estiver no fim,
Poderemos caminhar até lá bem longe.
Eu consegui parar o tempo,
Não lhe falei que existem tantas estrelas?
Eu já vinha tentando há tanto tempo
Vamos tomar um sorvete, me conte
Algo sobre a dor, sobre as pessoas,
Sobre carros , meninos e meninas...
Pode sorrir sempre, acho que é bom assim,
Sem o teu sorriso, o mundo estaria pior .
Sem a luz tua, o que seria de nós?
Não, eu te prometo,
Nunca mais vai escurecer, enquanto eu puder,
Enquanto meu coração teimar em bater...
Vamos ficar aqui em frente a este mar,
E neste eterno abraço,
Poderemos chorar.....
                                          julho.11

Dragões não voam






Sob o fundo azul
Um abismo nos separa,
Uma chuva ácida varre minha língua,
Não me importo, dragões não voam
Meu conto de fadas virou mentira,
Uma pétala se soltou, a flor.
Um sino ecoa longe, pretérito
Coração partido, porque demoras?
Me abrace e me conte outra estória,
Que me faça acreditar em você,
Ou nos sete pecados capitais, me revigore
Completa e totalmente, só você agora pode.
Acalmar meu pranto e me mostrar a luz
Do amor, e do seu encanto.
Então , mesmo que eu morra,
Já não será de amor ou incompreensão
Será somente de dor. 
                                     julho.11

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Um raio de sol








Corre um rio, calmo, límpido
Sigo seu curso, ainda creio
Na temporada que se inicia,
Serão meus gritos?
Ontem havia um céu azul, despi-me
De todas as nuances,
E são apenas cores mortas,
Que passeiam à minha volta.
Não há sono nem sonhos,
Prefiro compartilhar contigo
Esta noite fria,
Deixar meus ossos gelarem,
Não é justo que você amanheça
Sozinho, no escuro.
Preciso lhe amparar,
Amordaçar minhas mãos, abrir novas feridas,
Calar minha boca, lhe fazer companhia.
Não, não é justo que você  sinta frio,
Nem que fique nesta morada fria e úmida.
Este não é o seu lugar, eu sei,
Tenho que parar o tempo,
Aquecê-lo ao sol, e mostrar-lhe
A vida que reina aqui fora.
                                                julho.11

terça-feira, 26 de julho de 2011

Por que

 









Por que não me avisou
Que já era tarde,
E que precisavas ir?
Decerto pegaria carona
Nesta tua nave...

Por que não parou para me olhar,
Pelo menos mais uma vez?
Com certeza o brilho de teus olhos,
Estaria dentro dos meus agora.

Por que não me pediu mais um dia,
Para ver como ficariam as coisas?
Pode estar certo de que
Eu abriria aquela outra porta.

Por que não aguardou mais um pouco
Ao menos até o dia amanhecer?
Então os raios do sol lhe aqueceriam
Seria tão bom, tão bom...

Por que não  aguardou mais um pouco
Até a próxima canção?
Aquela canção que um dia
Ouvimos juntos.

Por que não me disseste Adeus
Ou ao menos um abraço?
Seria tão bom senti-lo,
Tua vida, vida, vida....

Por que será que o bom anjo
Não lhe amparou mais uma vez?
Seria tão bom recebê-lo
Como outrora.......
                                            julho.07

Um chamado


Lantejoulas brilham, mal posso tocá-las
Deus reina este mundo morto,
Sem janelas , vidraças
Ou um resto de esperança.

Nos gramados, crianças ainda brincam,
Um eterno esconde esconde
Figuras frágeis, como as cores
De um arco-íris se esvaindo.

Ouço um chamado,
Estranhas vozes, vazias vozes
Que vem e vão, sempre e sempre.
Como sussurros fracos,
De alguém que já morreu.

Cores, cores, vejo ao longe
Adentram meu corpo,
E colorem  minhas células,
Apenas tintas, sem pincéis.

Bafejo o ar morno deste quarto,
Escuro, perdido, um elo.
Sem sentido, nada mais
Que me faça respirar outra vez.

                                                            julho.11

Simples juramento



Não encontro mais o chão
Não há terra firme,
Nem agora nem jamais.
Nem lágrimas serão o bastante,
Tampouco a decisão de parar.
Não há um sol, nem um céu
Nem esperanças, não vi quem chegou.
As aves migram aos seus lares,
O vazio e a dor maior,
De nunca mais ter o teu sorriso.
Não há o que me acolha,
Nunca haverá quem lhe ouça,
Gramas secas, inverno d’alma.
Eu tentei, tentei,
Eu juro que não queria desistir,
Mas o que há por detrás
De simples juramentos?
                                       julho.11