Exílio

Teus gritos me assombram

Sempre, pelas manhãs enjoadas

Tivemos uma clara impressão

De como nada mudaria – ladrões

Entram em cena e riem de mim

Flores roxas enfeitam minha cova

Sinto-me um litopédio esquecido

Em algum ventre do passado

Pequenas cicatrizes reaparecem

Reabrem como feridas purulentas

O céu está fechado para sempre

Por que continuo a existir?

                                             Junho/2015

Vacas Góticas

Há quanto tempo me diz

Sobre teu passado, tuas dores

Eu, calado e tentando entender.

Há quanto tempo começou a usar

As enormes calcinhas cinza?

Você nem bebeu, mas tua alma

Está fedendo a peixe.

Pare de ler contos góticos

Ou fazer tatuagens íntimas...

Ideias de mijar nas coisas,

Principalmente no mundo certinho.

Oh! Como fui tolo em lhe conhecer

Abri as janelas de minha alma

Deixei entrar o suficiente

Ou mais do que o suficiente...

                                                Junho/2015

O Astronauta

Tuas sílabas caem

Como gotas de desejo e solidão

Nós, como duas naus a naufragar

Mistura de ódio e aversão

Não me peça mais palavras

Supõe que seja eu o Alcorão?

Nem me fale nunca mais

Em amor, planos ou emoções

Ok, talvez eu tenha sonhado

Estes sonhos comuns e ordinários

Distantes dos sonhos da TV

Sim, talvez eu tenha sido o culpado.

                                                          junho/2015

Tem sido um Ano

Não me fale do amanhã

Fica tudo meio vago e incerto

Não  me  poupe da verdade

Mesmo que eu morra depois

Eu não poderia saber então

Que estava sendo tolo – oh Deus

Tem sido um ano estranho para mim

Mas não consigo mudar as coisas

Eu estaria mentindo para você agora

Se não lhe falasse sobre certas coisas

Lá vou eu voltar ao ponto de partida

Não sei se vale a pena olhar para trás

A noite está fria  e o céu nublado

As esperanças nunca existiram – Creio

Você novamente me vem a mente

É tão estranho me olhar no espelho

Estou lhe dizendo Adeus outra vez

Tem sido  um  ano estranho para mim

Eu não poderia saber então

Que estava sendo tolo – oh Deus.

                                                        Junho.2015