musica

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Anjo da morte


Este ar pesado
Adquire formas densas, consome
Meu passado e deixa-me à mercê
De tantos enigmas postulados.
Uma prece é vã – sempre vejo
Crianças, gangorras, parques,
Batidas disformes, de um coração
Que bomba incessantemente, nostalgia.
Tragam-me os copos – para brindar
Os que se foram antes.
Deixem-me formar desenhos no ar,
As nuvens passam lentamente
Não mais os vejo agora,
Sinto-me desmanchar em um ritual.
Batidas disformes, não há foco,
Que me faça vê-los novamente.
Foram-se e um mistério paira
Sons, névoas, o pó.
As imagens disformes se transformam
Em musica – Não creio
Que possa revê-los um dia,
Já se passaram tantos, acreditem.
Estes pedaços perdidos
De meus pensamentos vagam,
Pelas nuvens negras, o perfume
Do anjo da morte.

                                                   Fev.2012

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Mesas vazias










Bolhas se formam
Na espuma do café –
Pires branco,
Gosto amargo, feito a vida.
Mesas marrom tabaco
Cadeiras claras e escuras
Formam o contraste,
Com o dia nublado.
Pessoas comuns sorriem,
Sorvem o café ,
Tecem comentários
Sobre coisas que jamais saberei.
Será que me ouvem
Os pássaros, primatas?
Poucos cantos –
A época do acasalamento passou
Tão rápido, quase nem percebi
Teus olhos, então...
Novos pássaros virão
Outra vez.

                                             Fev. 2012                                      

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Elos Perdidos











Fisionomias se tornam
Pratos raros, eu soube um dia
Que você iria – antes do adeus.
Vultos se formam entre as paredes
Brancas, verdes, virgens,
Saboreiam o pecado original, agora é tarde
Para lhe dizer sobre os encantos.
Bolas de gude, bolhas de sabão, ondas..
O mar envolve os corpos, conchas,
Abrem-se ,nivelam as dores , pérolas.
Rochedos, nuvens escuras, a tempestade
Agora tudo varre, idéias, lembranças
De tudo , do nada, do juntos outra vez.
Somos levados pela maré – Juntos
Sabíamos ou até nunca mais, agora é tarde..
E você confiou demais no destino, rastro,
Deixado no armário desgastado, poemas
Escritos logo após a chuva – Deleite
Escorrego pela brisa, que faz  desaparecer
Cores, acordes, abraços,
Que nunca foram dados, setas certeiras!
Juntem-se, cores, traços, vozes,
Tornem-se unos, amantes, amores
Lágrimas que brotam das faces,
Elos perdidos, a morte.

                                            Fev.2012

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Sábado



Talvez acordar às dez, talvez não
Talvez fazer o almoço, talvez meditar,
Talvez ler ou talvez chorar.
Ir à praça ver as crianças?
Ou apenas deixar o tempo passar,
Não há plano, nem plena certeza,
Nem passado ou futuro.
Dia e noite são iguais
Dentro deste vazio.
                        
                                   Fev.2012

sábado, 4 de fevereiro de 2012

A volta










Sentimentos
Sentinela,quadros
Sombras, espinhos,
Qual a morte real?
Somos poucos agora
Rituais, o quintal
Algumas abelhas se embebedam,
O néctar de flores virgens.
O ar está pesado
Uma chuva fina
Bate na minha janela.
Quadros nas paredes
Imagens mortas,
Suicídio em massa.
Ou um bolo – que assa lentamente
Enquanto a tarde voa...


                                  jan.2012    

Crônica - O Sol que brilha por aqui -




Venho pensando cá com meus botões, sobre esta euforia que de uns tempos para cá tomou conta das cabeças dos jovens, que deixam seus lares para se aventurarem mundo afora; ouço esta manhã alguns pássaros que dão um viva ao belo dia, repleto de sol, as pessoas estão felizes, com seus rádios a todo volume, decerto as praias estão lotadas, com famílias bebericando refrigerantes, crianças deixando aflorar  a liberdade que anseiam sempre, enquanto podem ser crianças.
Ouvindo agora Jean Luc Ponty, esta alma magnífica, nascida em terras Francesas, a mesma terra que nos doou Kardec; Este músico que encheu meus ouvidos de paz e que levou-me a viagens extraordinárias lá pelo final dos anos 70, com seu violino mágico, “dizendo sobre planetas, galáxias, amor, crianças, e moradas distantes, provavelmente”.
Então lembro-me de minhas aventuras, por praias do litoral norte, belíssimas e enigmáticas, pelas planícies do planalto central, pelas estradas desertas na época, pelos por de sóis lindíssimos que curtíamos em tardes melancólicas; Claro que sempre tive uma certa ânsia em ver de perto as pirâmides e alguns países do oriente, por onde passaram Cristo, Buda, Gandi, enfim...mas com o passar dos anos, minha alma foi se acalmando e aprendi que os melhores momentos são os que passamos com nossos amigos, filhos, e pessoas da família que nos são caros; Milhares de jovens se comunicam através de seus celulares ultra radioativos, ou pelos correios eletrônicos tão em voga hoje; atravessam fronteiras e cruzam Países, com a mesma facilidade com que cruzávamos a balsa de Bertioga, em feriados prolongados; misturam um misto de solidão e euforia pelos Euros ganhos com muito sacrifício, encontram seres, que aprendem a amar e muitas vezes , acabam por lá ficando, casando-se, tendo filhos e os que deixaram para trás, são revistos através de fotos ou de tempos em tempos, quando de passagem por aqui.
Sentem na pele o inverno rigoroso,  adaptam-se a novas maneiras, a outras comidas, vivem o silencio e muitas vezes a aspereza de outros povos , amontoam milhares de fotos digitais, mandam beijos e lembranças, e nas noites frias e vazias, costumam chorar no silencio de seus quartos.
É a grande, voraz e inexata globalização, que leva nossos jovens , atraídos por ilusórias promessas de ganho e estabilidade, outras vezes para fugirem da violência que toma conta de nossas cidades.
Nesta manhã, enquanto rola o Jean Luc Ponty, o sol tenta entrar em meu quarto, cujas cortinas mantenho fechadas - por estar um tanto quanto deprimido ,  um pássaro solitário canta alegremente, saudando este dia lindíssimo; Me lembro então  daquelas praias, de meu corpo dourado e das matas exuberantes, penso nos que estão distantes e sumidos e chego à conclusão que o sol que brilha por aqui não é o mesmo sol que às vezes brilha por lá.

                                                                                    Abril.2006
                                                              
                              

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Pode ser eu ou você



a tua cortina balança suavemente,
pode ser eu , ou o vento...
a tua geladeira está vazia,
pode ser eu ou você a causa...
o teu amor está em chamas,
pode ser eu ou você o motivo.
esqueci das equações matemáticas e do ouro,
pode ser eu ou você o motivo.
não sei qual roupa usar agora,
pode ser eu, pode ser por você...
a tua cortina balança suavemente,...
pode ser eu, ou apenas o vento....
                          
                                                        jan.2012