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segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

O bode Islamita



Viveu nos confins do mundo em uma época remota, um  bode – muito provavelmente um dos   primeiros , que queria muito deixar o cavanhaque para então  conhecer as terras santas onde Jesus havia nascido; todos os dias, olhava no espelho e ia acompanhando os pelinhos que apareciam no queixo. Logo em seguida  rezava o pai nosso e beijava a imagem de Cristo.
E assim foi durante meses e meses seguidos, mas nada de o cavanhaque aparecer e nada de conhecer a terra santa também; Então o bode cujo nome era Espaldonio, cansado de tanto esperar desistiu do cavanhaque e mudou de religião, adquiriu o Alcorão e virou o primeiro bode Islamita de que se tem conhecimento na história.
Diz a lenda que foi assassinado quando dava seus bodejos no muro das lamentações.
Desde então todos os bodes já nascem com barbicha!!

                                                                           Dez.2013

sábado, 9 de fevereiro de 2013

A serpente



Um dia, uma serpente, muito faminta que estava, resolveu que teria uma dieta vegetariana naquele dia, não tanto por razões éticas, mas mais por estar ficando com o corpo um tanto quanto inchado, de tanto engolir sapinhos, pássaros, peixes e outras criaturinhas.
Foi rastejando mata adentro, até que encontrou uma macieira, repleta de frutos; E eram tão lindos que ela até se lembrou daquele pecado capital do qual os homens falavam sempre. Então eis que começou a chover e a serpente, resolveu se abrigar em um buraco ali perto, que por sinal era a toca de um porco espinho.
O pequeno porquinho ficou assustado com a serpente e soltou dezenas de espinhos que foram se cravar na pele da serpente, que de tanta dor, saiu em disparada pela relva, só parando quando o dia amanheceu.
Dizem as más línguas que a velha serpente nunca mais quis saber de maçãs.
                                                            Jun.2011

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Os Três Bois ou Sangue na Manjedoura




Três bois discutiam sobre quem seria o próximo a ser abatido pelo homem de cavanhaque e botas longas;
—  Acho que serei eu, * disse o primeiro —  Afinal, sou o mais velho, e minha carne já não Será tão atrativa muito em breve; E pelo que me consta “nossos donos”, não podem perder dinheiro nesta brincadeira sem graça.
— Brincadeira, Você disse! — como pode chamar isto de brincadeira Caro colega?
— nossas vidas estão por um triz, eu é que não vou chamar isto de brincadeira, e sim de uma fúria imoral. — Amigo, acho que serei eu o próximo, pois apesar de ser mais novo que você, tenho mais peso, como muita ração e prejuízo é uma palavra que passa longe daqui. — sim, serei eu, *disse o segundo boi, com lágrimas nos olhos e um ar de desespero que tocou profundamente o mais velho.
O terceiro boi, que a tudo ouvia, era o mais novo da turma, ainda em fase de crescimento, tomou da palavra e assim falou: —  Caros amigos, com certeza o próximo a ser abatido serei eu!  — Afinal comemora-se entre os humanos a data em que um deles nasceu há muito tempo atrás e que depois seria morto pelos de sua própria espécie. E além disso, minha carne é apreciada , por ser macia e tenra, segundo dizem...
— Mas o que tem a ver o nascimento de uma criatura de outra espécie, ser comemorado com nossa carne? * resmungou o segundo.   — Se ao menos se alimentassem dos de sua própria raça ainda vai, mas nós! – o que temos a ver com isso? * Ruminou o primeiro. 
— Não sei, não sei... * choramingou o mais novo. — E vamos silenciando, que nosso algoz está vindo!.
Tarde quente, o sol se recolhendo e uma brisa suave sobre os campos; Meninos brincando sobre a relva, pássaros silenciosos em meio a lamentos vindo do curral.
Uma tarde de dor e sangue.
                                                         Agosto/2012
                    

domingo, 3 de junho de 2012

A Cobra, o Galo e a Montanha




Há muito tempo vivia em um Pais distante, uma cobra, que vivia triste, pois queria muito chegar ao topo de uma alta montanha; Passava os dias  a se lamentar, se lamentava tanto que seus parentes mais próximos a abandonaram, e seus amigos se foram.
Em uma casa nos arredores de onde vivia a cobra, morava um galo, que nas manhãs primaveris, quando despontavam os primeiros raios de sol bem longe, cantava, cantava e cantava, tão feliz que era por existir e por poder apreciar a bela montanha bem ao fundo, onde se iniciava o céu  e onde ele imaginava ser a morada dos Deuses.
Certa manhã, quando o senhor galo ensaiava as primeiras notas em uma escala “eólia”, percebeu que alguém soluçava baixinho bem perto dali; Deu alguns passos, atravessou um belo pomar, carregado de maçãs vermelhas, que brilhavam radiantes de felicidade, desceu uma pequena rampa, atravessou um extenso gramado que circundava o lago de águas claras e onde ele todos os dias ia beber daquela água saborosa e refrescar suas penas.
Encontrou então a senhora cobra, cabeça baixa e um olhar triste e banhado de lágrimas; Perguntou então o senhor galo – O que se passa amiga cobra?-
Ao que a mesma respondeu  Senhor galo, saiba ilustre colega,  que fui abandonada por meus familiares e meus amigos próximos, dentre os quais, três sapinhos, uma coruja, quatro minhocas e um velho tatu.  – Porque lhe abandonaram, se mal lhe pergunto? indagou o galo. – Bem, respondeu a cobra Se cansaram de minhas lamentações diárias, pois vivia a me queixar por não poder na montanha chegar .
O galo baixou a cabeça, deu duas ou três ciscadas no chão, sacudiu as penas brancas e lustrosas, aproximou-se mais da cobra e assim falou: Temos que agradecer por aquilo que a natureza  nos dá; Olhe ao seu redor, estas flores lindas, sinta este perfume! As  águas mansas do lago, árvores frutíferas neste pomar...   não vês quanta beleza existe em tudo que nos rodeia, amiga? – Ademais, acho que se chegasse lá no topo da montanha, até ficaria decepcionada! – Você acha? - perguntou repentinamente a cobra. – Claro , colega! De lá veria a paisagem cá embaixo e sentiria saudades, Não terias o calor que tens aqui ,nem uma boa água para se banhar, nem tampouco  abundância de alimento,  além de ter que se esconder das águias que por lá habitam.
 – Tens razão, meu bom amigo galo, fizeste-me ver coisas que eu não via. – Oh! Como fui tola e insensata! Vou já voltar para casa e contar as boas novas para todos que fugiram de mim. – Me dê um abraço amigão! – foi logo dizendo então a cobra. Mas o galo como era esperto, recuou e acenando para a cobra, despediu-se neste tom: Não precisas me agradecer cara colega, e agora me desculpe, pois tenho que ir rapidamente para casa, pois meus sobrinhos me esperam.  E foi subindo o gramado, cantando, cantando, feliz.
..E lá no alto, bem longe, a montanha que a tudo ouvia, permaneceu  em seu silêncio letárgico.
                                                                  Março.2011
 

quinta-feira, 3 de março de 2011

O Porco jardineiro



Um porco, certo dia, sabendo que iria morrer e ciente de que seu corpo viraria gordura e torresmo, resolveu construir um belo jardim.
Usou suas fezes adubando a terra, revolveu-a alguns dias e semeou então, rosas, orquídeas, jasmins, margaridas e begônias;
As chuvas vieram, depois o sol e finalmente a primavera chegou, fazendo florescer o mais belo jardim, nunca antes visto.
Todos que passavam por ali se admiravam e teciam elogios ao porco, que ficou então muito feliz e passou a sonhar todas as noites com “estrelas, porcos e nuvens”.
Chegou finalmente o dia de sua morte e o “homem”, implacável em sua fúria, cravou-lhe o punhal no coração; Naquela semana, todos se fartaram com carne e torresmo do “Porco Jardineiro”.     
                                                                                Março 2005

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O cavalo e a lesma



Um dia, um cavalo estava pastando nos gramados do castelo imperial, quando uma lesma, olhando para cima disse:
-oh cavalo! Você gosta de escargots?
O cavalo, como se julgava muito esperto, logo pensou que era uma pegadinha e respondeu: -Quem caga sou eu e quem come escargot és tu. Dona lesma baixou a cabeça numa tristeza até então não vista e seguiu seu caminho, pois pretendia chegar em casa, um tronco de aroeira,antes de cair a noite, e o cavalo ria, ria, ria tanto que os pássaros desapareceram do céu e grossas nuvens se formaram, em  um grande prenúncio de tempestade.
                                                                  Jan.2011