musica

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Reis de nós mesmos

  








Roupagens, campos áridos, imagens da morte
Riachos, mares de almas em altares suspensos
Postagens, ideias que se perdem para sempre
Ou apenas o início de um mesmo fim. 
Semblantes, tenazes, voláteis, criados
Ideias da mente que mente, nos faz crer
Em palácios vistosos, damas altivas, amores.
Homens sagazes, corpos que tombam, algures
Objetos de um coringa qualquer, que zomba
De nossos anseios perdidos no tempo.
Nesta esfera que temos, nada a temer 
Nem tudo que vemos há de se ter,
Somos Reis de nós mesmos, o que nos faz crer
em castelos de areia que nunca se irão,
ou amores perdidos que ainda virão.

                                                                                                        fev.11

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Adoro túneis


Esta manhã estava indo para o centro da cidade em um confortável ônibus, desses que andam pela cidade, graças à coragem da Marta, quando ouço uma garotinha de uns cinco anos dizer para a mãe, que pouca atenção lhe deu, absorta que estava em trocar ideias com o marido. – "que pena que o túnel acabou!, queria passar de novo.- Amo túneis! – a coisa que mais amo na minha vida é túnel!"
Aquilo me chamou a atenção para um fato já por mim esquecido, que me ocorria também quando em idade tenra.
Desde pequeno me maravilhava por eles, e quando ia de bonde para o bairro de Pinheiros com meu saudoso Pai, passava pelo túnel nove de julho. Bárbaro!
Não sei se pelo meu tamanho pequeno, eu achava aquilo fantástico, mas, convenhamos, é de se admirar o homem fazer um túnel, não sendo tatu, minhoca nem formiga.
Vejam só quão maravilhosa é a matemática, através dos cálculos de uma obra de  engenharia,no posicionamento de astros e estrelas, nas maravilhosas notas musicais...
Quando meu pai me levava para aquele bairro distante, eu sempre lhe dizia: -Nós vamos de bonde? – quero passar pelo túnel!!
O tempo parou em um ciclo de hora intangível, pairamos por aqui por enquanto, todos absortos em pequenas nulidades, somos tolos!
Mas apesar de nossa tolice, continuo a amar os túneis. Acostumado ao túnel lindo e imenso da via Anchieta, lembro-me da minha surpresa da  primeira vez que me deparei com o túnel da Imigrantes! Nossa! Pensei – como foi que o homem conseguiu chegar a isso?
Cheguei a ficar com falta de ar, tamanha a demora da travessia....acho que sou meio claustofóbico. 
Fico me imaginando uma formiga...quantos caminhos escuros, quantas curvas, quantas raízes e predadores de toda a espécie. Chego a ter pena delas, pobrezinhas.
E as minhocas? Bárbaro, navegando em linhas curvas, retilíneas, oblíquas, traçando retas, quadrados, criando ângulos de todos os graus. E tudo em nome do prazer e da diversão.
Sinto-me triste quando vejo pescadores carregando minhocas no cesto de pesca, ainda vivas! E elas, com um restinho de esperança de que o homem de chapéu engraçado as liberte!
Deve ser ruim pacas virar comida de peixe. Ainda mais quando por perto de seu habitat não existem  peixes!!
Mas apesar de tudo adoro túneis e adoraria muito ver um de meus filhos como um grande engenheiro, construindo túneis, ainda que em nome do pseudo-progresso!
Como deve ser lindo o túnel da via Láctea! Quantas curvas, quantas cores, quanta vida!!
Sei que passei por inúmeros túneis, na rodovia Castelo Branco, na descida de serra para Curitiba,em linhas férreas, túnel Airton Senna, túnel Maluf, e sei lá quantos mais.
Não sei se meu pai está ciente ou não destas maravilhas construídas pelo homem moderno, nem sei se as aprovaria, mas o que sei é que continuo adorando túneis, sejam de que tamanho forem e  que grau de luminosidade gerem.
Acho que como a garotinha, também posso dizer – Amo Túneis!
                                                                               Dez/2006

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Melancolia






Melancolia, se te afaga a alma
Noutro instante se desfaz, como mágica,
Sem ela não podemos permanecer vivos
Com ela, a outra face da morte se antevê.
Súbitos lampejos vem e se vão,
Como a nos dizer que existe algo
Bem além de nossa compreensão,
Bem acima deste céu diáfano, longínquo.
Será apenas uma tristeza passageira
Ou a necessidade do perdão?
O início em uma manhã clara, bela
Ou então, simplesmente solidão?
Melancolia, que passa e pousa
Nos ombros cansados de quem
Sente na alma o desfecho dos sonhos
Das quimeras, loucuras, ambições,
Que faz parar o trem da vida,
Na próxima estação, transformação
De um casulo velho e cansado, a magia
De novos sonhos que virão.
Melancolia, na flor, nas águas, nos sons,
Nas imagens passadas, fotografias, confissões.
Em um abraço, uma lágrima, separação.
Melancolia na alegria, nos encontros, na noite
E nos eternos dias Que se sucederão.
                                                                    Fev.11
                                                                

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Das palavras



Escrevo hoje da mesma maneira como escrevia em um passado distante, - quero dizer, as palavras são outras, mas o sentido que lhes dou é o mesmo; Me dirão talvez – Qual o sentido exacto das palavras? – direi então que mal posso comunicar-me comigo mesmo, dizer o que minha alma anseia - ou será ela que dirá algo a mim, pobre mortal?
Escrever, estranho modo de se tentar dizer alguma coisa, mas talvez se consiga chegar um pouco perto da sutileza e da magia  da música e do que ela  transmite aos seus ouvintes, desde que haja algo de espiritual em seus acordes, digo! Mas não consigo vos falar através da música, então vou dissertando através das palavras escritas, ou ao menos tentando acalmar esta criatura indomável que habita em mim.  Enquanto escrevo nesta noite calma de verão, ouço as vozes de meus antepassados, vejo seus vultos que passeiam pelo meu quarto e dou-lhes as boas vindas do mundo dos espíritos; Em breve também farei parte do lar distante das imagens e dos sonhos eternos.
 -Acaricia minha face, querida mãe e diz-me de quando eras  jovem e se encantava com os passeios de domingo, em dias quentes de verão, como estes de agora;-      Conta-me novamente as estórias que me narrava para que minha alma possa entender um pouco sobre o amor.

- mas me dirão: - Qual o sentido exacto destas palavras?  - Direi-lhes então que não importa agora o sentido, pois justo neste momento sinto a brisa leve e morna do mundo invisível que me diz boa noite!.
                                         Fev.11

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Imagens









Vejo uma luz, mas não há túnel
Meus olhos lacrimejam, não são lágrimas
Bendito sois o fruto de vosso ventre
Minha imagem reflete, multicolorida,
Penso em Goethe e em Dostoievski
Um trem passa, veloz, me leva com o vento.
Posso ver a morte, mas se você  me olha
E me sorri, perco a direção.
Lamentos vem do céu, do outro lado desta vida,
Olhando no espelho, vejo flores refletidas no tempo
Seu perfume dilacera minha alma semi-morta,
Lança-me ao delírio sem fim, aqui estou..
Consigo sentir a sutileza deste instante,
Pedem que eu fique e apague a luz, é noite
Meu pensamento imóvel, não é capaz,
Tenho sede, vejo um lago de águas límpidas
Fico imóvel, tantas cores, esta luz!
No espelho, as flores logo murcham
Um trem passa e me vejo na janela,
E quando olho para fora, você me nota
Sorri-me, não sei a direção
Adormeço agora.
                                            fev/11

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Vou Dizer-te em Prosa

Vou dizer-te o que penso
Quando o dia estiver a terminar
Mas talvez não diga o que sinto
Enquanto outro dia não chegar

Repetindo as palavras
Pra que alguém possa entender
Vou Dizendo muito pouco
Dos dias que naveguei

Vem a mim forte neblina
Das altas  montanhas de cá
Fiz meu berço, tua casa
Mas não  pretendo morar lá

Se te firo, dás tua vida
Se me feres, és tua minh’alma
Faço muro de arrimo
Vou dizer-te tudo agora

Mas não me peças que termine
Este verso com enfeites, rimas
Vou dizer-te agora em prosa
De quantos peixes eu fisguei em uma só noite de mar calmo  e lua cheia,  com o meu capitão febril a dizer palavras desconexas.
                                                                                                      fev.11