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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Oito Poemas Iniciais



Do Desconforto

Lá fora o calor é forte
Qual meus braços de outrora.
Quero que ouças o silencio
Desta grande multidão à toa,
Que teima em não entender
E cujos gritos não ouço.
Eis-me agora , minha flor
Inadequado a este furor tolo,
Canso-me de pensar em ti
Mas sei que nunca existimos.
Talvez seja este papo inexato
Sobre eras, esferas, dimensões,
Sei lá, não sinto tristeza
Nem consigo lhe esquecer hoje.
É como se fossemos os dois,
Grandes bonecos infláveis, falíveis.
Ouço vozes, crianças, carros,
Tudo talvez  esteja por um fio.
Você segura a tesoura agora,
Ou quem sabe eu.

Das Virtudes

Nunca atirei a primeira pedra
Nem pude deixar de pecar.
Destes atos fracos, loucos
Que me fazem repensar ,
Em tudo que nos disseram ontem.
Estava ainda escuro, cansei-me
Destas visões estranhas, sou tua parte,
Que apodrece na esfera virtual.
Gosto de ti, como gosto
De tantas imagens que passam.
Como podemos falar em amor
Neste lado da vida, a esmo.
Piso nos canteiros que lhe fiz,
Enterro teu passado e digo
Que me atire a primeira pedra.

Dos Sete Cavaleiros

Os reis voltaram em prece
Não faz sentido orar agora,
Pois me querem de volta
Para a batalha sangrenta.
Teus olhos me espreitam e dizem
Coisas singelas, tua infância,
Teus desejos, a obra prima
Que acaba de conceber, chora.
Clamo pelo poder dos céus
E também pela tua alma.
Anseio o campo de batalha,
Onde os sete cavaleiros
Me aguardam.

Do Reencontro

O campo está minado
Batem palmas para quem?
Estes sonhos que não voltam,
É estranho agora, ninguém vê.
São sombrios estes momentos
Não há chuva, não há sol,
Apenas pensamentos.
Encontro um bem-te-vi
Somos primogênitos,
Ansiamos pelo amor
Quando do reencontro.

Das Fraquezas

Diz-me das proezas agora
Como se eu quisesse saber,
Mostra-me a verdade oculta
Neste manto de pérfidas injúrias!
Estamos juntos,
Neste caminho tolo e cruel.
E por mais que não percebamos
Caímos sempre,
Perante as fraquezas
Que nos espreitam, sorridentes!

Dos Mistérios

Procurei por entre textos, mantras
O sentido de tudo que me rodeia,
Vivi a sensação de observar
Com os olhos do Supremo Ser.
A cada dia, novos instantes,
Novas cores, novos sons.
Vesti-me com tua ilusão e
Vi-me tremendamente só,
Enquanto você sorria para mim
E aguardava o momento de ser feliz.

Das Incertezas

Permaneço neste vale escuro
De incertezas , procurando-te.
Verdade das verdades, fogueira
De vaidades, o eterno amor.
Meus pés afundam lentamente,
O céu se cobre de nuvens.
Estas incertezas que torturam
O meu ser, fecham minha estrada,
Por onde pensei um dia te levar
E mostrar-te o caminho para o sol.

Do Auto-Extermínio

Firo a alma, pálida mortalha
Me espreitam os andaluzes,
No horizonte onde paira a morte.
Firo o corpo e jorra o sangue,
Que um dia me deu a vida
E fez com que eu pudesse te amar.
Estas sensações me enlouquecem
Estas visões de tudo ao meu redor,
Causam-me aflição e você se foi.
Você se foi quando eu mais te quis
E sem saber, jogou fora seu dom
Mais precioso, dom se ser mulher.
                                                      
                             Escrito entre fins de 2007 
                       e início de 2008

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Cogumelos gigantes







Cogumelos gigantes aparecem
Em meus sonhos ....  Leais,
Como súditos em volta do Rei.

Desesperança, insensatez, tédio,
Devoram  o coração fugaz,
Sentença de vida e morte.

Tic tac, tic tac,
Ouçam as vozes que ecoam
Vez ou outra pelas paredes.

Parecem mágicas as faces
Destes anjos, maltrapilhos,
Estão todos à mercê do traidor.

Gritos de dor saem de meu peito,
Por onde um dia jorraram
Pétalas de paz e de amor.

Sílabas, sussurros, silêncio,
O passado ecoa, triste, fúnebre
Em um filme mudo, perdido.

Tuas mãos frias me tocam,
Lábios à espera de um beijo
Frio, úmido como um pântano.

Eu não lhe conheci, deveras,
Minha juventude bebia o licor
Que engana e entorpece a alma.

Quem me trouxe à vida um dia,
Se foi sem nada dizer –  Nostalgia.
Alguém acenou-me lentamente.

Promessas nunca cumpridas,
Olhares nunca trocados – Compaixão.
Dois cães andam pelos campos.

Tropeço em meu próprio destino,
Sorvo o ar que me resta, enquanto
Os cogumelos gigantes adormecem.

                                                      Jan.2012

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Translúcido



Sentença inacabada
Flores descoloridas, Desejos
Inconformados, selvagens.

Mas aonde irão agora
Estas almas, feito chamas
De um fogo que arde?

De um jeito disforme
Duras pedras partidas
Em pequenos fragmentos.

Pontuais encontros – Vazio
E a sensação do eterno
Ou do improvável.

                                         Jan.2013

Fragmentos 3



Vi-me virar poeira
Tão fina, sem forma ou cor.
Em teu espelho,
Fantasmas sonham.
Uma luz fraca recai sobre o feto
Que sonha com a morte.

                                             Jan.2013