musica

sábado, 17 de março de 2012

Raízes

 






Lágrimas caem, a dor!
Vultos trafegam, não posso vê-los,
Dedos frágeis, silêncio.  – por quê?
Seguir, não há tempo para querer,
Cortaram as raízes, sobraram pontos
Que se dissolvem lentamente.
Os pássaros dormem agora - Sonho
Abraço-te forte, Noite fria.
                                          In Memorian  - Pixú - 1989 - 2011        
                                                      Março.2012

sexta-feira, 2 de março de 2012

Desintegração












Os poros fecham-se – há poeira no ar
Uma sensação de paz acompanha o instante,
Derradeiro sonho, janelas fechadas.
Negra fonte de luz,   - Espasmos –
Reis e rainhas caminham de mãos dadas,
Existe uma toca no caminho, raposas
Dormem o sono eterno, existem
Fetos, feridas a cicatrizar, lembranças...
Em um momento único abre-se
O manto da morte.

                              Março 2012

O Burrico e os apóstolos na Nona Dimensão

Certa manhã, um burrico andava por uma campina, repleta de flores, onde beija-flores recolhiam o néctar sob a luz de um sol que teimava em brilhar e brilhar;
De vez em quando o burrico parava, cheirando algumas flores, extasiado; Mexia  sua cauda sob o olhar atento de   
formigas que discutiam sobre como começar uma nova escavação subterrânea.
No outro lado do mundo, um anjo permanecia imóvel, como que querendo entender o porque da presença de anjos em um espaço cósmico quase imperceptível até para os próprios anjos; uma bolha cristalina pairava entre os dois mundos, repleta de pensamentos e equações ainda não reconhecidas, - do outro  lado do hemisfério norte cá na terra,tinha-se a impressão de serem parcas as possibilidades de continuidade de vida, os úteros prenhes aguardavam o momento da fecundação – É tudo tão estranho neste momento, pensou alguém - .
Vultos preenchiam a imaginação de seres vivos, rosas desabrochavam  por si próprias, amarelas, brancas, rosas, vermelhas, junto a tulipas, girassóis , jasmins......enormes pessegueiros se entreolhavam, suas lágrimas escorriam em forma de seiva, abundante, uma tristeza Universal se erguia agora.
...O burrico continuava seu caminho, sem saber ao certo quais eram as horas naquele dia claro, vagava sem direção e deixava que seus passos o levassem a qualquer lugar, talvez ao caminho de um mar infinito de flores, pássaros e jasmins;
Ainda é cedo aqui nesta cidade; Uma mulher recém casada, prepara o desjejum, absorta em seus pensamentos, seu útero preparado para nova cria. Crê ainda em Jesus e seus apóstolos desconhecidos -  a extrema unção de seu próprio ser está preparada e uma mesa farta de  alimentos em decomposição será posta.
.........Talves o burrico seja a forma última de um Deus que, cansado de tanta lisonja, tenha decidido caminhar a esmo por uma campina, repleta de flores, onde beija-flores teimam em recolher o néctar, sob a luz de um sol que teima em brilhar, brilhar, brilhar...

                                                           Março 2012

quinta-feira, 1 de março de 2012

Um último olhar para o mar


Tarde, calma, vazia
O mar traz as lembranças – passado
Suas ondas sonoras, sibilam
Em meus ouvidos, lágrimas
Escorrem e desaparecem na pele,
Pigmentos formam a base
de uma estátua em cera.
Incapaz de decifrar os enigmas,
Deus adormece nos braços
De um asteróide veloz, ecos –
Vigília eterna, foram-se os dias
Um a um, afinal.
Sinto a areia morna sob meus pés
Vultos aparecem, tomam forma,
De todos os momentos, sinto
Seus olhares tristes, contornos
Desiguais, mãos dadas,
Um grande círculo, a praia
Que pisei um dia, e nós velejamos
Felizes, e naufragamos, ociosos
E incapazes de compreender,
Os ciclos das marés, de nós mesmos.
Em meio a tantos rostos opacos,
Consigo lhe ver,  - soluços.
E um eterno abraço.    

                                                Março.2012