Amoras

Amoras silvestres

Quando criança as colhi

Dias longos, ensolarados –

Nunca mais os vi

Não me fale agora

Sobre flores e Amores,

Não saberia o que dizer –

Acho que  nunca soube

                                        Dez.2014

Diafragma

Pequenos pedaços do céu

Desabam e formam fendas

Pequenas mentiras voam –

Caem sobre mim.

Todos procuram preencher

O vazio de suas vidas –

Mas o diafragma

Da vida, se fecha.

                                Dez.2014

Uma Obra Inacabada

Desenho teus pensamentos

Nuvens escuras se formam –

Há um lago de amoras

Rodeado de pequenos pássaros,

Teus sonhos escondidos.

Rabisco tua voz

Sílabas vagam pelo ar,

Às vezes são desconexas –

Há um limite em teus atos

Um silêncio entrelinhas,

Não posso apagá-lo.

Leio teus olhos

Um enigma reaparece,

Reacende em mim o desejo

Mas logo eles se fecham –

Uma obra inacabada. 

                                                             Dez.2014

A última ceia de Papai Noel

 Tarde de inverno –

Papai Noel toma seu banho em uma banheira, com a ajuda de seu fiel amigo, o Duende, o último da linhagem dos Duendes que lhe esfrega as costas; Tem as barbas tão brancas quanto as do Papai Noel.

Na sua humilde casa pré-fabricada, um velho baú, um fogão à lenha, uma pequena pia e apetrechos de higiene.

Pendurada em um cabide, a sua velha roupa vermelha, desgastada pelo tempo e pelo uso; Este ano não haverá distribuição de presentes, ele está velho demais, cansado demais...

Suas velhas renas estão assando no forno; Será a última ceia de papai Noel e seu fiel Duende.

Milhares e milhares de crianças estarão tristes e decepcionadas, mas Papai Noel está velho e doente; Ele sabe que morrerá muito em breve e teme pela sorte do Duende.

                                                                      Dez.2014

Tempo Presente

Não tenho tempo

Para pensar no tempo –

Passado, Presente, Futuro.

Não tenho asas

Para voar.

Neste instante, vivo.

Meu coração bate calmo –

Não há esperança

Nem velhas canções.

Sua vida passa lentamente –

Como em um filme...

Tuas aflições vão ficando esquecidas.

Você se sente só

E chora em um canto –

Teu coração bate calmo

É o único agora

Que sabe de você.

Não procure velhas fotos

Nem sonhe com o que virá –

É tudo tão rápido...

Apenas acalme-se

E ouça teu coração,

No ritmo de uma canção

Presente no tempo –

Presente.

                                      Dez.2014