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quarta-feira, 29 de abril de 2015

Ritual










Madrugada negra sem mistério
Não há pão na mesa nem o vinho –
Os apóstolos assim o quiseram.

Você não me ouve mais
Minha voz ecoa morta
Pelos ares repletos de fumaça.

Olham-me do outro lado do espelho
Tenho a sensação de ser você –
Banquete de sanguessugas.

Um último abraço  – Esqueci-me
Crianças jorram nos hospitais
E se enfileiram nas creches solitárias.

Por que se vai? – É tão cedo ainda
Muitos sóis virão banhar os dias
Sucessivos e sem graça.

Meus pecados pagos um a um
Nas mãos do idólatra, a auto piedade –
Trincheiras pálidas como a morte

Empurro o carrinho ladeira abaixo
E você às vezes me olha
Seu espanto me assusta agora.

Subo lentamente os degraus
Dos pensamentos e sonhos
Na esperança de lhe ver.
                                                         Abril.2015
                               Em memória de Thomaz Dias Saletti
                                     *29.04.1989 +25.07.2011

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