Venho
pensando cá com meus botões, sobre esta euforia que de uns tempos para cá tomou
conta das cabeças dos jovens, que deixam seus lares para se aventurarem mundo
afora; ouço esta manhã alguns pássaros que dão um viva ao belo dia, repleto de
sol, as pessoas estão felizes, com seus rádios a todo volume, decerto as praias
estão lotadas, com famílias bebericando refrigerantes, crianças deixando
aflorar a liberdade que anseiam sempre,
enquanto podem ser crianças.
Ouvindo
agora Jean Luc Ponty, esta alma magnífica, nascida em terras Francesas, a mesma
terra que nos doou Kardec; Este músico que encheu meus ouvidos de paz e que
levou-me a viagens extraordinárias lá pelo final dos anos 70, com seu violino
mágico, “dizendo sobre planetas, galáxias, amor, crianças, e moradas distantes,
provavelmente”.
Então
lembro-me de minhas aventuras, por praias do litoral norte, belíssimas e
enigmáticas, pelas planícies do planalto central, pelas estradas desertas na
época, pelos por de sóis lindíssimos que curtíamos em tardes melancólicas; Claro
que sempre tive uma certa ânsia em ver de perto as pirâmides e alguns países do
oriente, por onde passaram Cristo, Buda, Gandi, enfim...mas com o passar dos
anos, minha alma foi se acalmando e aprendi que os melhores momentos são os que
passamos com nossos amigos, filhos, e pessoas da família que nos são caros;
Milhares de jovens se comunicam através de seus celulares ultra radioativos, ou
pelos correios eletrônicos tão em voga hoje; atravessam fronteiras e cruzam países, com a mesma facilidade com que cruzávamos a balsa de Bertioga, em
feriados prolongados; misturam um misto de solidão e euforia pelos Euros ganhos
com muito sacrifício, encontram seres, que aprendem a amar e muitas vezes ,
acabam por lá ficando, casando-se, tendo filhos e os que deixaram para trás,
são revistos através de fotos ou de tempos em tempos, quando de passagem por
aqui.
Sentem na
pele o inverno rigoroso, adaptam-se a
novas maneiras, a outras comidas, vivem o silencio e muitas vezes a aspereza de
outros povos , amontoam milhares de fotos digitais, mandam beijos e lembranças,
e nas noites frias e vazias, costumam chorar no silencio de seus quartos.
É a grande,
voraz e inexata globalização, que leva nossos jovens , atraídos por ilusórias
promessas de ganho e estabilidade, outras vezes para fugirem da violência que
toma conta de nossas cidades.
Nesta manhã,
enquanto rola o Jean Luc Ponty, o sol tenta entrar em meu quarto, cujas
cortinas mantenho fechadas - por estar um tanto quanto deprimido , um pássaro solitário canta alegremente,
saudando este dia lindíssimo; Me lembro então daquelas praias, de meu corpo dourado e das
matas exuberantes, penso nos que estão distantes e sumidos e chego à conclusão
que o sol que brilha por aqui não é o mesmo sol que às vezes brilha por lá.
Abril.2006
Nenhum comentário:
Postar um comentário