musica

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Velho Casarão, ratos, pastores





Em um sótão abandonado de um velho casarão estilo colonial, vivia um rato cujo nome era Oscar; Pelos finos, brilhantes, olhos vívidos e uma boca pequena enfeitada por lindos bigodes.
Oscar saia todas as noites para procurar seu alimento e também para tomar a brisa noturna, olhar o céu e meditar sobre sua própria existência.
Próximo dali, uma família fazia sua ceia habitual, uma mesa repleta das mais variadas guloseimas; Oscar sabia que o casarão em que vivia em breve seria demolido e que teria dificuldades em conseguir nova morada... sentia saudades de seus pais, mortos pela ingestão de iscas, colocadas propositadamente próximo de onde moravam, por aqueles gigantes de roupas escuras, com suas botas pesadas e cheirando a morte.
Restaram ele e mais nove irmãos, seis esmagados pela botina do homem gordo e suado, dois afogados na enorme bacia branca do banheiro do casarão e “Nicolas”, o último, e o mais franzino de todos, servira de alimento a um velho gato cinza que, volta e meia por ali aparecia.
Era época de natal, luzes eram colocadas nas grades e nas pobres das árvores dos enormes edifícios; Oscar ficava encantado com tantas luzes e com o imenso colorido, piscava os pequenos olhinhos e ficava imóvel por um longo tempo, observando os carros, as pessoas apressadas, faróis, vozes, luzes!!!
Jamais compreenderia o porque de tantas luzinhas coloridas piscando, o porque de não deixarem as árvores dormirem em paz....
“Aleluia!” gritou o pastor, e seus fiéis em coro repetiram “Aleluia Senhor!”
A igreja estava cheia naquela noite, toda sexta feira era assim, jovens, velhos, crianças compareciam em peso para o louvor da noite e para ouvirem o sermão do pastor Jesivaldo.
Naquela noite, Jesivaldo falou sobre a mulher adúltera, do casamento, da união estável, de Jesus e sua célebre frase “Que atirem a primeira pedra”. Muitos ouviam atentamente, principalmente os que sentavam mais à frente.
Lá no fundo, cochichos, cochilos, bocejos, crianças cansadas e resmungonas, um verdadeiro embate entre Deus e o Capeta.
Em breve as máquinas dariam início à demolição do velho casarão.
                                                                                               Fev.2013                                                  

Nenhum comentário:

Postar um comentário