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terça-feira, 31 de maio de 2011

Crônica - Como me vinguei de Marilda




Eram onze horas, daquela sexta feira ensolarada, as pessoas alvoroçadas desfilando  emoções e preocupações do cotidiano de cada um.
A caminho de minha habitual sessão de fisioterapia, “que, aliás, não serve para nada, a não ser dar sobrevida às clínicas”, resolvo parar no salão de cabeleireiro da rua Augusta para marcar uma hora; Na cadeira em uso, estava uma mulher de seus 40 anos, gordinha, - para não dizer extremamente obesa -  tanto que ocupava a cadeira toda, mais os espaços nos vácuos laterais.
 Perguntei ao Cláudio, - o cabeleireiro, se tinha horário para as 12hs ou 12:30  e o mesmo disse-me que iria demorar um pouco, mas que, um pouco antes das 13hs daria.
Saí então do recinto, sem antes não dar uma espiadela naquele corpanzil estatelado na cadeira, com seus cabelos empastados de química; Eram 12:20 quando retornei ao salão e deparei com a dita cuja ainda sentada, em um ritual sem fim de tintura e sei lá mais o que.
Bem, resolvemos que às 14:30 seria melhor, pois o Cláudio não tinha cliente para aquele horário; Fui para casa, lanchei, fumei ½ cigarro, sobra da manhã, assisti uns trechos do noticiário desportivo, justamente quando mostrava o meu time que na véspera havia tomado de 6 do Curitiba e às 14:20  saí de casa e me dirigi ao salão, lá chegando exatamente às 14:30.
Acreditem! Lá estava a Deusa gorducha, esparramada e risonha com as pernas ligeiramente abertas, mostrando aquelas pelancas horrorosas ao fundo e com sua vasta cabeleira “ressecada” sendo manuseada com um secador em vias de dar um curto circuito e uma escova, em movimentos longos e intermináveis.
Fiquei ali sentado, ouvindo aquela conversa fiada, própria de salões, - festas, encontros, médicos, casamentos, enfim, ainda tendo que vez ou outra deparar pelo espelho, com os olhares sexy da gordinha, achando que eu, talvez, estivesse viajando em seu visual. – Só se fosse  um pesadelo, pensei!.
Finalmente, a sessão estava terminando, olhei no celular, 15:07hs; A gorducha, cujo nome era Marilda - acabara de descobrir -  colocou seus óculos para ver o resultado final, olhou para mim como que esperando uma confirmação,sendo que  em um esforço sobre humano , respondi com um olhar de ok!
Finalmente, sentei-me na cadeira, ainda morna pela longa hibernação da Marilda, e pedi para o Cláudio passar a máquina 2, para espanto do mesmo; Após 10 minutos estava indo para casa, meio que arrependido, mas por outro lado satisfeito, pois, de certa forma,  havia me vingado de Marilda.
                                                                          
                                                                     Junho.2011

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